NO FIM DA ESTRADA
No fim da estrada
tudo é quase imóvel — indiferente.
Avistam-se ao longe os rebanhos
identificam-se os lobos
sabe-se que virão saciar-se
e não se foge.
O outono invade-nos a casa.
Entra descalço, sorrateiro
e envolve-nos, decidido
como a noite envolve os montes
e o luar expõe as corujas.
Ignora-se a noite
faz-se de conta que se vive
e que o choro são cânticos.
Fita-se o mar
cheira-se a terra e balança-se
abraçando os percalços que encontramos
em cada esquina do vento.
Cordeiros mansos
corremos ao encontro dos lobos, sem temor
na ânsia aflita de sentir tudo
(mesmo que seja dor)
mesmo que a bala nos trespasse
vestida de abraços e sorrisos.
No fim da estrada já não importa
quem nos beba o sangue.
Francisco José Rito
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