O VOO DAS AVES SERÁ SEMPRE GRIS


A raiva é sede que flutua

no ventre esverdeado das almas ocas,

rogando pragas que ninguém entende.


O amor é vale de carne fértil

regado por um rio de vinho doce e alfazema

colhidos de fresco.


Entre nós - nascente e foz

nem a neve será eterna no caminho

nem o vento verá o fim à seara loira

nem as abelhas provarão o mel

das flores que não nasceram.


O voo das aves será sempre gris

porque o azul gastou-se a pintar o céu.


Francisco José Rito




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