NA ESTAÇÃO


Não ligo aos anúncios

que falam de países que não quero conhecer

de partidas que não me levarão de mim

de destinos que não estão no meu caminho.


Não ligo à voz estridente

da madame que grita ao telemóvel

ou ao casal que geme na última carruagem.


Não ligo à corrida do pica

que persegue o rapaz por entrar sem bilhete

ou aos berros dos polícias

atrás do gangue que grafitou o comboio das 7:00.


Não ligo ao jornalista

que anuncia a eleição de um fascista

nem ao comentador que prevê

a utilização de armas nucleares ao fundo do meu quintal.


Eu não luto em guerras que não sei vencer

nem como desse pão que nos dão na boca.


Eu colho fruta que alimente:

dióspiros, tangerinas ou palavras

escondidas nos labirintos dos poemas.

Urge saciar-me, que o inverno será longo

e o pomar pequeno demais para tanta alma.


Francisco José Rito




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