BOA NOITE AMOR
O azul atordoante da tarde
invade as horas que me faltam
para enlouquecer.
Em breve serei sacrificado
no altar-mor da purificação.
Treze virgens arrastar-me-ão
por becos de luxúria
nu como o milhafre
que sobrevoa a praia
no latejar do crepúsculo,
disfarçado na transparência do mar.
Depois a lua galopará
pelo meu corpo,
o vento soprará tresloucado
nas veias sofrerei tempestades
tsunamis e naufrágios
e no ventre mil punhaladas
de todos os amantes que traí.
E assim, em carne viva
despojado de todos os pudores
deixarei que me possuam,
que me esquartejem e me suguem
as últimas gotas de sangue e de sémen
antes que a maré me arraste e me devolva
ao conforto dos teus braços.
Boa noite amor!
Francisco José Rito
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