TARDE OU CEDO, FLORIRÁS


O silêncio da tarde

diminui o espaço entre mim

e a realidade das coisas.


O teu corpo ausente

estende-se na minha cama,

volumoso e insensível

à minha saudade.


Não me permito tocar-te

mas sinto o aroma luminoso

da tua pele em fogo

a queimar-me as narinas


e é nessa hora

(na certeza de te pertencer)

que construo a nossa casa na lua

um barco para navegar

os mistérios do teu sangue

um balão para sobrevoar

o azul do teu olhar.


Depois é só esperar-te

sei que, tarde ou cedo, florirás.


Francisco José Rito




Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco