PSICOSE
Foram-me os dias vales tumultuosos
que eu percorri desvairado, a procurar-te.
Nos pingos de orvalho
escorridos dos fios do meu cabelo
refresquei a dor febril da tua ausência.
Foram-me tojo agreste as pedras dos caminhos
que eu percorri desvairado, a procurar-te.
Mergulhei nos sete mares da inquietação.
E no sal da imensidão das minhas penas,
lavei esta ilusão de pertencer-te.
Foram-me pesadas as horas da noite
que eu percorri desvairado, a procurar-te
Com um lápis da cor dos teus olhos
pintei estradas verdes. E em todas as estradas
por mim coloridas, e esperança corria ao meu encontro.
Foram-me amargos os ziguezagues da vida
que eu percorri desvairado, a procurar-te.
Desbravei o vazio da treva, a procurar-te
para te encontrar perdido a cada esquina.
Foi-me psicose, esta ilusão de pertencer-te.
Francisco José Rito

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