GUARDO O QUE AINDA NÃO VIVEMOS

Guardo as promessas que me juras.
Prendo-as na minha mão fechada,
para que o vento as não sopre
e se não dispersem os sentidos.
Há nos teus olhos
asas de borboletas em sofrimento
que esvoaçam sobre o meu suspiro calado,
pintando sombras no gesso estilhaçado.
Há na nossa pele desejos por cumprir.
O cheiro do amor que não fizemos
paira sobre nós. Rabiscos trémulos,
perpetuando a súplica
no azul açucarado dos lençóis.
Guardo o que ainda não vivemos:
beijos molhados que apagam gemidos,
as minhas mãos febris nas tuas coxas,
a tua boca a beber-me o delírio.
Francisco José Rito
(ilustrado por Rudulier Krystyna)



Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco