DEPOIS DO AMOR

Fumo um cigarro e olho-te ao espelho,
contemplando-te as cores rubras e o respirar ofegante.
És a felicidade encarnada num corpo que foi meu,
que me arrebatou e que ainda lateja.
Vestígios do amor que fizemos;
do fogo que ainda há pouco nos fundia.
Pela meia janela aberta, entra o sol em raios quentes
e tu desabrochas na cor de mil flores,
no som de mil poemas,
no cheiro de mil fragrâncias que me embriagam.
Na nossa cama ainda podem ver-se as marcas do desejo,
vestígios dos teus dedos aflitos,
cravados nos lençóis,
a lembrarem regos na terra lavrada,
pujantes, profundos, suados...
Andamos a desbravar-nos um ao outro.
Não me canso de te observar as cores,
as formas e os gestos...
Depois do amor,
és como as margens de um rio,
despenteadas pelo vento.
Sublime contraste
com a calmaria dos teus olhos.
Francisco José Rito



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