HÁ UM SILÊNCIO NOVO


Há um silêncio

a pairar na imensidão

das águas mansas

da lagoa que me mora.


É um silêncio novo,

cálido,

que sabe onde está

e para o que veio.


Há um silêncio

a calar as vozes inquietas

dos rancores desgastados

pelo passar dos ciclos.


É um silêncio novo,

sagaz,

a amainar as tempestades

e as dores d´alma.


Mudou-se para dentro de mim,

para me ensinar que os dias

são efémeros e as vidas curtas.


Há um silêncio

maior do que todos os percalços.

Um silêncio novo

que se fez dos prantos velhos

da Via Ápia dos dias.


Há um silêncio

que aprendeu a nadar,

fazendo das vagas revoltas

lençóis de flores silvestres.

Um silêncio novo,

quase tão novo

como esta necessidade de calar.


É um silêncio simples

quase tão simples

como as estrofes de um poema simples,

paridas da simplicidade do poeta.


Francisco José Rito





6 comentários:

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco