DEIXA-ME SER ÁGUA A CORRER


Escorrem as horas

pelo labirinto dos dias.

O tempo é-me um rio

de momentos que correm fugazes

pelo leito da vida,

a caminho da morte

o fim ou o princípio de mim.


De bom grado morrerei,

depois de em ti ser vida.

De ser o cisne e o canto

no suave encanto

deste madrigal.


Deixa-me ser água a correr

pelo teu corpo nu.

Regar-te as curvas órfãs

de lábios molhados.

Botão de rosa

a desabrochar

na fúria de beber o viço

que tilinta no teu olhar fértil.


Sublime metamorfose,

a minha pele suada

a humedecer a tua pele febril.

Eu rio de água a correr

fecundando-te as margens do desejo.


Francisco José Rito




2 comentários:

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