MENINO DA GUERRA
Camisa molhada
tremendo de frio
lareira apagada
o prato vazio.
És filho do nada
e nada tens teu
pezinhos na estrada
descalços, no breu.
Menino da guerra
com ar desolado
e olhar que encerra
no chão sem telhado.
Menino-abandono
no teu olhar triste
caído de um trono
que nunca pediste.
Menino-surpresa
sem mãe, sem irmão
sentado na mesa
sem água nem pão.
No escuro medonho
da noite abismal
arrastas o sonho
que seja Natal.
És pranto, és desejo
que o menino Deus
te leve num beijo
pra junto dos teus.
Porque nesta vida
de pranto e de dor
perdeste a guarida
perdeste o amor.
Francisco José Rito
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