QUE FAZES TU EM MIM, A ESTA HORA?


Invades-me a boca

sem te anunciares.

Ânsias que se cruzam,

lábios que se mordem,

juras proferidas em surdina.


Ouve-se o soluço da pele,

âmago da vida, a arrastar-nos

para as catacumbas da carne,

onde os corpos se fundem

e as almas se espraiam

na imensidão da noite.


Depois a lua adormece.

Os galos choram as dores

das horas proibidas,

da guerra e da paz.


Que fazes tu em mim,

a esta hora,

senão para me dizeres dos teus desejos

como os figos de setembro

vastos, húmidos e doces?


Francisco José Rito




Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco