MIRAGEM
Esta noite sonhei-me e era a solidão
do pasto verde tombado pelo vento
nos campos molhados de janeiro.
Sonhei-me num prado de trevo
a viver o desalento do petiz que se
despede do papagaio tresmalhado
e perdido nos confins do azul.
Esta noite vi-me por dentro
e senti o assombro correr lentamente
pelo labirinto de veias mornas de vida.
E depois vi-te. Nadavas num mar
de indiferença e altivez, para longe,
bem longe dos meus braços abertos.
Esta noite chamei-te, mas não vieste.
Duraste apenas o tempo de fugires
para lá de onde os sonhos alcançam.
O cavalo de chuva galopava na vidraça
a atormentar-me os lábios ruivos
febris, doídos de saudade e de desejo.
Francisco José Rito
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