SABEDORIA


É preciso beijar a vida

como quem tropeça no azul das coisas.

Sorver a delicadeza das manhãs,

mergulhar nos silêncios da cidade

e deixar-se levar pelo palrar do corvo,

para lá do risco cinzento

que os aviões desenham no infinito.


É preciso abrir a janela,

arejar gavetas, alumiar sombras

e cantar os dias como quem faz um filho

ou como quem celebra o fim de um amor proibido.


É preciso inverter os passos vãos

dos soldados que tombam,

sorrir para o vazio transparente dos vivos

e dizer-lhes que não,

que a morte não pode ser o fim das dores!


É preciso saber tropeçar no azul das coisas.


Francisco José Rito




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