VENTURA


Multiplicas-te na imensidão de tudo

para me compensares da falta que me fazes.

Navegas a barca do meu peito

onde, triunfante, me fazes marinheiro

deste mar de lágrimas em que me deixaste,

epopeia que revivo a cada instante,

ventura de ser o que em mim pintaste

da paleta de cores que outrora foste.


Recordar-te é percorrer constelações

à procura do abraço que nos falta.

Entre uma e outra estrela o teu olhar sorri-me

como que a dizer que sim, valeu a pena

porque aquilo que vivemos não foi cousa pequena!

Porque juntos fomos mais que todo o Universo,

mais que todos os poemas, que todas as palavras,

mesmo aquelas que não soubemos escrever.


Felizes fomos, improváveis ricos,

guardiões do ouro que luzia só para nós,

dos diamantes que brilhavam apenas

na ternura dos olhares que trocávamos.

Sabes? Quando o relógio dos dias enegrece,

recordo as horas felizes, recortadas

da paleta de cores que outrora foste,

esta ventura de ser o que em mim pintaste.


Francisco José Rito

(imagem de Maggie Luijer)





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