NOSTALGIA


O suspiro enrouquecido dos sinos

espanta as cegonhas sedentas de poiso

e as pombas riscam o céu da praça em ziguezague.


É a hora das Trindades.

Dos lamentos cinzelados nos rostos flácidos.

Dos olhares perdidos na imensidão das coisas,

qual água que corre do ribeiro, desvairada,

à procura dos pés de milho esvaecidos.


Deseja-se o impossível

como a criança sentada na esquina dos dias

à espera da carreta dos gelados

que nunca ali passou,


ou os velhos encostados à sombra da memória,

a ver passar o futuro de todos nós

na nostalgia dos fins de tarde lentos,

das horas e dos sonhos parados.


Francisco José Rito




3 comentários:

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco