PROMESSA


Evado-me do poema. Arranco-lhe o sentido,

como se arranca a tristeza a um negro fado.

Como a lua arranca o oiro ao dia acabado

ou a morte arranca a vida ao sangue arrefecido.



Evado-me do sono. Arranco-me aos medos

e desenho-me no rosto raios de alvorada,

ou a bruma a correr descalça e desvairada,

arrancando à noite os maiores segredos.



Evado-me do castelo à beira-mar erguido.

Da masmorra onde suprimo a minha história.

Os dias esquecidos nos bolsos da memória.

As mãos a abrir caminho para o prometido.


Francisco José Rito




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