NUNCA CHEGOU A MADRUGADA
Perpetuou-se a noite
de um Abril distante e fosco.
Eles têm vozes roucas
de um queixume vão.
Têm olhos baços de esperar
por um amanhã que não chegou.
Eles trocaram o contar pelos dedos
pelos diplomas emoldurados,
mas continuam a fazer contas a meio do mês.
Trocaram o parir pelo sorrir,
por concluírem que não se pode ter tudo.
Eles ainda carregam malas, ainda dão abraços,
ainda acenam e secam lágrimas no cais.
Perpetuou-se a noite
e nunca chegou a madrugada.
Diz-me, meu irmão,
em que ruas fomos livres.
Em que vidas se cumpriram as promessas que Abril fez?
Ó meu irmão, diz-me se vires passar a liberdade!
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