MATURIDADE
Agora que a vida é um campo de trevo
macio e fresco,
não persigo a celeridade das coisas,
mas o desfiar airoso dos momentos.
Prendo o olhar no morder das cerejas maduras,
perdidas na cor de uns lábios prenhes.
Na altivez dos choupos
que cobrem a berma da estrada
com mantas de algodão tecidas pelo vento suão.
Na serenata das cegonhas no cio,
no bailado dos canaviais nas tardes de Agosto,
nas juras que a vaga sussurra ao cabeço de areia salgada.
Agora que aprendi a respirar por etapas
e a distinguir os cheiros, dos sons e dos vultos,
deitei os sentidos em cama de penas
e permito que acordem à vez,
cada um no seu espaço e no seu tempo,
para que não se confundam. Ou cansem.

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