ÂNSIA
Folheio o livro dos teus olhos
e leio um rol de dores travestidas
a que chamas poemas
(queixumes escritos com mãos trépidas
no rubro agonizado e errante do teu rosto)
Vejo aves sem ninho
e árvores sem flores.
Vejo noites sem estrelas
e mares sem marés.
Folheio o livro dos teus olhos
e leio todas as dores do mundo.
Vejo o quebrar da sombra de alguém
que não vira a esquina da noite
porque já não caminha,
nem respira, nem é...
Folheio-te
e vejo o pranto e a súplica.
Decifro a ânsia do infinito
nesse toar de alma rouca;
de tatuar na pele do destino
todas as juras impossíveis.
Parece-me até ouvir-te invocar a morte,
ou não fosse o sublime ato de morrer
o início da jornada para a glória da imortalidade.
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