DE DEGRAU EM DEGRAU


Chora-se a prece

construída de grãos de esperança.


Exalta-se a paixão

que nos jorra da alma em pranto,

néctar de amor que nos enlaça e eleva.


Supera-se o medo da bruma

que se pinta no céu gris.


De degrau em degrau,

sobe-se o calvário das horas incertas,

manto dúbio e inquieto,

tecido de breu e de cansaços.


Ampara-se a dor, embala-se o grito,

e a fé é mar que se agiganta

a regar desertos secos de desânimo.


Espera-se a graça da boa nova

como a flor espera o milagre de florir,

como a criança espera o ensejo de crescer.


Espera-se. E no esperar

entrançam-se pontes de memórias

com raízes e casas e braços e colos e corações.


E no esperar faz-se a cama

ao conforto que se quer e que há de vir.


Francisco José Rito





Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco