ESTE DIA CHAMAR-SE-Á SAUDADE

Não me perguntem pelo nome deste dia,
que os dias de perda não têm nome.


Não me perguntem de cores,
ou de sorrisos. De taças que tilintem

ou de canções que embalem.

Não me perguntem do sol que se escondeu
ou da lua que chorou.
Do acinzentar do céu
ou do crocitar aflito do corvo.

Não me perguntem por mim,
que eu hoje não sei quem sou!

Perguntem-me pelo meu amigo,
para que eu possa contar-vos
da felicidade de ter um amigo,
e desta tristeza de o ver partir.

Partiu de madrugada,
sem se despedir.
Sem um lamento.
Sem um ai...

Partiram as flores de Maio
e os aromas de Setembro.
Os olhares ternurentos,
as gargalhadas estridentes,
as piadas desengraçadas.

Partiram as palavras por dizer
e os abraços por dar.

Não me perguntem pelo nome deste dia,
que eu já o sei de cor.

Este dia chamar-se-á saudade.
Saudade do meu amigo que partiu.


Francisco José Rito


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