NA CORDA BAMBA

Vesti a pele serena do fim do caminho
Acenei o lenço branco da resignação
Rendi-me aos anos; fiz-me calmaria
E o meu olhar de escrava submissa
Pariu as histórias por tempos guardadas
Querenas da vida (na corda bamba)
Desejos amordaçados. Sonhos adiados
Na espera da vitória prometida
No amanhar da terra, no fecundar da semente
Nas ladainhas pela chuva e pela bonança 
E um dia choveu, mas eu já não vi...
O soldado morreu. A bandeira caiu
Foi-se o trono, o castelo e o reinado
E eu fiquei (na corda bamba)
Sem saber para onde me atirar
Apenas com a roupa que o vento não levou
E os sonhos enrodilhados no regaço!
Forçada a viver; proibida de naufragar
Nas cinzas do nada que sobrou
(na corda bamba) E sem saber nadar.

versos de Francisco José Rito
fotografia de Carlos Figueiredo


Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco