FINGIDOR


Vivo na inquietude de uma alma poética,
onde os dias são sonhos.

Levito, algures, num campo de papoulas,
onde os silêncios murmuram e
as palavras desabrocham em pétalas de esperança.

Encontro-nos na solidão das noites caladas,
onde te oiço sussurrar-me ao ouvido
o amor que não fazemos.

Acordo alheio à apatia da cama vazia.
Ao carpir das mágoas contidas,
onde o tempo se dissolve, sem abraços.

Sorrio ao regresso da partida,
para não sentir saudade, e
conto as horas da espera ansiosa,
como quem recita os versos de um poema.

E volto ao princípio de tudo.
E a penumbra se alumia.
E escrevo.
E relato paixões e prazeres,
no mesmo recanto onde te espero.
E minto, quando digo que vivo.


Francisco José Rito, in "Entre o olhar e a alma"


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