MAL AMADA


Nunca foi amada. Nunca a sua alma pura
despertou paixões que inspirassem poetas.
Como se, ao nascer, uma grande maldição
a tivesse condenado ao eterno abandono.

Sem juras de amor, sem gestos de aconchego
que a acalentassem, sem paz... assim viveu.
Sem conhecer carinhos ou outros arrebates,
ou a louca emoção de fugazes aventuras.

Aos deuses ofertou, sem grande esperança,
o seu coração desprezado. Nenhum o aceitou.
Até que um dia, cansada da inútil quimera,

virou-se para a morte, em derradeiro socorro.
E a morte, que a ninguém renega, abraçou-lhe,
sorrindo, o coração que a vida rejeitara...



poema de Francisco José Rito
fotografia de Carlos Figueiredo
in "Entre o olhar e a alma"


Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco