DE NEGRO VESTIDA
Maria da Nazaré
Tem o seu nome bordado
Nas rodas de um cachené
Painel há muito guardado
Anda pela praia a chorar
Recordando o triste dia
Que aquele mar se fez mar
Arrancando-lhe a alegria
Seu filho, luz do seu ser
Que a vida atirou pró mar
E no mar viu padecer
Pra nunca mais o abraçar
Foi-se-lhe o dom de sorrir
Foi-se o alento e a alegria
Foram-se as cores do vestir
Foi-se o pão de cada dia
Assim lhe persegue o pranto
E ela de negro vestida
E no negro do seu manto
Esconde as agruras da vida
Sem se render à amargura
Que o destino é como é
Pela praia arrasta a loucura
Maria da Nazaré
poema de Francisco José Rito
fotografia de Candy Lopesino
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