PERDIDOS

Um dia acordamos secos
e órfãos da fonte que nos saciava.

Os choupos cresceram e arderam
indiferentes ao carpir das nossas dores.
A canção que embalava ainda ecoa
mas calou-se a voz que a cantava.

Por vezes soltamo-nos das horas mortas
e cruzamo-nos com os resquícios
da felicidade que julgámos eterna.

Escrevo-te no sótão da casa
que não construí ao fim do caminho.
Ruíram as paredes por erguer
à espera da cor que nunca escolhi.

Felizes os capazes
de inventar um regaço
ou o par de braços abertos
que dificilmente encontrarão
quando a fresta da memória
apenas reflete os sorrisos
das tardes de infância.

Francisco José Rito



Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco