O QUE FUI REINVENTOU-SE

Dói-me o corpo em brasa
de planar sobre a lava quente
do vulcão que sou, em erupção
o que fui esqueceu-se de o ser
nada mais me habita
do que este prazer de levantar voo
quando outros querem manter-me
de pés amarrados à muralha
o que fui reinventou-se
o que devia ao mundo
paguei-lhe com esta vontade de viver
mesmo quando a vida é um saco de nada
atirado para os fundões da incerteza.

Francisco José Rito
(fotografia de António Borges da Silva)



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