TAMBÉM HÁ POESIA NO QUE NÃO TE ESCREVO


Amar-te é brincar às escondidas com o destino

É desesperar no tempo e questionar se existes

Se demoras, se chegas, se ficas, se tornas a vir

É querer-te e rasgar caminhos para fugir de ti


Amar-te é um emaranhado de coisas por dizer

É um sem-fim de apagar poemas sem sentido

De dizer com os olhos o que os dedos omitem

Pois também há poesia no que não te escrevo


Amar-te é isto e tudo o mais que não se explica

As cores dos pássaros que à noite me visitam

Esta inquietação constante na pele dos lábios

O contar das horas que ainda faltam para te ter



Francisco José Rito




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