É HORA
Há uma brisa que acorda
o pássaro no ramo,
uma nuvem de bruma que lava a cara
aos sonhos acabados de sonhar.
Um clarão que vem de longe,
de onde os penedos dormitam
e as giestas murmuram,
dobra o manto da noite
e liberta os cheiros adormecidos.
Dos silêncios nascem chilreios de vida
e das sombras desabrocham
esperanças florescidas.
É o relampejar da alvorada.
O rendilhar no horizonte
as formas e as cores dos parapeitos,
dos beirais e das chaminés.
O galo dos ventos desafina a toada
que vem dos montes,
canção de despertar braços e almas.
Faz-se o sinal da cruz
e bocejam-se preces resignadas,
porque é hora,
porque os vivos pedem pão,
os mortos sepultura
e os campos sementeira.

Francisco José Rito
(imagem do Abílio Miguel) 



Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco