MANHÃ DE INVERNO


Sofri a eternidade daquela manhã de Inverno, 
sem que chegaras.
Dei por mim vencido, carente de um abraço, 
implorando-o aos troncos que ao meu redor se entrelaçavam.
Não foi à tua espera que fiquei, 
no banco frio e nu em que me deixaste 
(sabia que tão cedo não virias)
Ciente da pontualidade da tua ausência, 
fiz uma cama com as folhas caídas 
e embalei as dores, 
preparando-me para uma transformação que sabia longa e penosa.
E ali fiquei, sem ti, enquanto mudavam as cores das árvores, 
dos pássaros e das flores, que desabrocharam, por fim!
Voltaste com a Primavera, cabisbaixa, ao meu encontro, 
mas já não me encontraste.
Era outro o que ali estava! 
O frio de Janeiro curtiu-me as feridas; 
e os raios do sol de Março tisnaram as cicatrizes.
Não foi só a paisagem que mudou...


texto de Francisco José Rito
Fotografia de Carlos Figueiredo





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