É PRECISO SABER MORRER

É chegada a hora
de pagares o preço
de teres vivido a vida a 

desafiar a morte.

Por seres um lutador.
Por não te conformares
com a má sorte.
Por seres um provedor.

Não chores agora,
não resistas, não te canses.
De nada te vale,
que "o mar não tem cabelos"!

Gasta os últimos suspiros a 
lembrar os teus.
A recordar o tanto que lhes deste.
Antes morrer
com os olhos cheios de momentos,
que de lamentos.

Deixa-te embalar
pelo canto das sereias.
Deixa-te beijar pelos seus lábios
que sabem a Kiwi maduro e fresco.

Deixa-te enfeitiçar
pelos seus encantos e 
sorri, como se esta
não fosse a última viagem.

Como se a morte não fosse a última maré...

Embebeda-te de maresia e
despede-te da vida,
com coragem.

Morre com a mesma
dignidade com que viveste.

É preciso saber morrer!


Francisco José Rito, in "Palavras Litorais"
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