EMIGRANTES - GENTE A SÉRIO, E SÉRIA...





A Patricia, por muito tempo a fotografa oficial dos "feios, porcos e maus" veio-me ontem entregar umas fotos que tinha lá em casa. Já não são recentes, embora o grupo e os costumes ainda se mantenham.
Nem a propósito. Celebra-se hoje em Fátima o dia do emigrante.
Esta rapaziada, que como se pode ver, são todos bem alimentados e não é a copos de leite magro, ou água das pedras, moram numa cidade chamada Newark, a 10 minutos de Nova Iorque City.
Levantam-se e fazem-me levantar a mim, quando cá estou, às 4:30 da manhã, seis dias por semana.
Às 5:30 já vão a caminho do trabalho, com uma bifana ou uma sandes de presunto, um copo de tinto e um café com cheirinho ao pequeno-almoço.
Concordo que para a maioria, possa chocar este facto, mas para quem os conhece, é muito normal. Homens que carregam nas costas formas de metal para confragens, ou com um martelo hidráulico, uma pá ou picareta todo o dia, acreditem que não se alimentam com iogurtes ligth ou batidos de sumo.



Malta das obras na sua maioria. "Dureza pura"! Trabalham 10 ou 12 horas e ao fim da tarde chegam-me com a mesma boa disposição com que começaram o dia. Não vão para casa sem se juntarem aos amigos, por meia hora que seja. Haja cerveja fresca e um bom petisco à sua espera porque os corpos vêem estafados do trabalho e do clima, que só por si já acaba com qualquer um. No inverno um frio de rachar e no verão um calor abrasador. E estes homens lá fora, todo o dia.
Quando chegam precisam de alimentar o corpo e a alma. Sentam-se em amenas cavaqueiras em frente à televisão, onde assistem às noticias de Portugal, ou aos jogos de futebol.
Une-os três tipos de amor. À família, aos amigos e ao Benfica.
Por causa do último, enervam-se com os dois primeiros, discutem, mas no dia seguinte não se passou nada.



São emigrantes, mas não se esquecem de onde vieram. São gente humilde nas suas origens, mas séria, digna e respeitadora, para quem um aperto de mão ainda fecha um negócio.
O amor à pátria não os impede de bem querer ao país que os recebeu e lhe deu a oportunidade de uma vida melhor para si e para os seus. Respeitam as suas leis e tentam integrar-se na sociedade de acolhimento. A maioria estão por cá há pelo menos 20 anos e nunca tiveram um problema com as autoridades ou com a população local.
São homens das obras, mas são, na sua maioria, pais orgulhosos de filhos estudantes ou formados, que lhes dão ânimo e coragem para enfrentar a vida dura e o trabalho que lhes rebenta o corpo. Suportam tudo, motivados pela certeza de que os seus filhos e netos não terão que passar pelo mesmo.
São assim os meus amigos, independentemente de terem vindo do Minho, do Algarve ou das ilhas, aqui une-nos a particularidade de sermos todos filhos de uma mesma "Mãe", Portugal.



Francisco Vieira

5 comentários:

  1. Ola Francisco,

    Bonita homenagem que fizeste aos teus amigos, retrataste um pouco da vida daqueles que procuram um futuro melhor neste pais, pessoas humildes, serias,respeitadoras mas que nao esquecem as suas origens, pessoas que quando escutam o hino nacional e veem a bandeira portuguesa sao capazes de chorar...

    beijocas

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  2. Adorei ver que dedicaste algumas palavras aos nossos emigrantes! Gente que conhecemos, alguns desde a meninice, que deixaram tudo para procurar ,pelo mundo fora, sabe DEUS com quantas dificuldades, o que o país lhes não pôde dar. Vi as imagens de Fá tima!QUE NOSSA SENHORA VÁ COM ELES!
    AGORA Já percebi o que fazes...Qualquer dia vais servir-me meia de leite e um queque?
    BEIJO, amigo, da lusibero!

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  3. eheheheh Maria, a amiga nao percebeu que eu estou mais acostumado a servir uns petiscos e umas bejecas? Acha que a minha malta quer meias de leite e queques? Olhe bem para eles!!!

    Mas vá, se esperar um pouco sirvo-lhe o queque mas tem de ser em Ovar...desse lado o panorama é outro! Nem melhor nem pior, é diferente.
    Tenho um carinho eenorme por estas terras e por esta gente, com quem convivi por muitos anos.

    Um beijo

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  4. Estes são os verdadeiros emigrantes, gente que procura uma vida melhor e que merece o maior respeito.

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  5. Olá

    É Francisco, a vida de emigrante deve mesmo ser muito dura e devem ser esses mimos habituais do reencontro com a familia e os amigos, aliados à força de vencer e à recompensa depois de verem os filhos formados e preparados e outros já instalados para poderem usufrir duma vida melhor, que lhes dá ganas para continuar, tirando nisso a própria felicidade.
    olha, quem sabe não reaparecem por aí um dia de novo, vindos do além, os nossos antepassados navegadores e descobrem, desta feita, Portugal?

    Um abraço

    Manel

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Obrigado pela visita. Este espaço é seu. Use e abuse, mas com respeito, principalmente por quem nos lê. Francisco