PESCA NA RIA

Tive a sorte de pertencer a uma família de pescadores. Digo sorte, porque estou a falar de uma profissão que acredito caminhar a passos largos para a extinção. O meu Pai, hoje com setenta e sete anos, ainda pesca na Ria de Aveiro. Enguias, Chocos, Linguados, Taínhas e Lampreias no Vouga. Pertence à terceira geração dos Vieiras, mais conhecidos por "Ritos", que por muitos anos arrancaram destas águas o sustento para si e para os seus. Todos os seus irmãos e primos foram pescadores.



Esta corrente foi quebrada na minha geração. Dos filhos do meu Pai e dos meus Tios, nenhum pesca na Ria. A Ria em si também já não é o que era. Ainda me lembro do tempo (não há muitos anos) em que um pescador podia apanhar trinta ou quarenta quilos de enguias numa só maré.
Hoje para pescarem cinco quilos precisam de andar toda a semana, por vezes. Dizem o meu Pai e os amigos do seu tempo, que foram os próprios pescadores que acabaram com o peixe da Ria, com as redes proibidas e a pesca exaustiva, mesmo nas épocas do defeso. É como eles mesmo dizem e eu concordo, os filhos querem pão na mesa todos os dias e a "necessidade não tem lei"...

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